sábado, 14 de julho de 2007

...La Petite princesse et son enchanté monde...

Era uma vez uma princesinha viajante. Ela percorria mundos. Era exagerada. Sentimental. Amava tudo e todos que a cativavam pelo caminho (alguns nem entendiam o porquê de tanto amor, estavam acostumados a apenas amar aquilo que lhes parecia óbvio). Apressada, ansiosa e divertida, era ariana. Uma diva de botas ou de Havaianas. Uma santa de mini-saia. Alguns a chamavam de louca. Enlouquecedoramente normal, ela se dizia. Uma contradição. Se resumia em equilíbrios de antagonismos complementares, parafrasenado alguém. Tipicamente mulher. Excessivamente moleca. Verbalmente descontrolada, no tom e na velocidade do pensar.
Ela gostava de músicas bem versadas e ritmadas, chocolates e escritos, sejam em pedaços rasgados de papel ou nos melhores livros. Ela era doce. Ou melhor: agridoce. Uma doce pimenta. Seus olhos apertados por sorrisos facilmente arrancados, as vezes borravam de preto. Sua mania de criar aventuras nas monotonias destes mundos em que percorria, ser mil em uma, preenchiam compulsivamente todos os espaços em branco em seu livro particular. A faziam viver futilidades emocionais. Sim, ela era um tanto fútil (sua bolsa oncinha que o diga, e seus desperdícios de todos os gêneros). Por muitas vezes, ela emprestou erradamente seu coração.
Mas ela acreditava em amor de verdade, gostava de viver poesias e ganhar gestos simples ou ouvir coisas corriqueiras e se sentir nas nuvens. O tempo foi passando, e ela se descobriu cansada. Cansada de procurar um mundo ideal. Cansada de injustiças (talvez daqui a eterna busca pelo meio termo). Cansada de amar errado (não errado, mas diferente do conceito dos seres mundanos). Cansada de amar sem receber. Cansada de dar satisfação. Cansada de acreditar nas pessoas e de chorar debaixo de seus enormes óculos escuros, companheiro de todas as horas, mascarando suas fragilidades. Um belo dia, a princesa decidiu que estes mundos em que percorrera até agora não serviam para ela. Foi então que criou seu próprio reino. Seria, então, apenas a pequena princesa e seu mundo encantado.
Lá caberiam suas aventuras, sua mania de intensidade e a infindável carência que tinha por quem gosta muito. Caberiam sua frenética mente e seus desejos. Onde o francês, o espanhol na voz de Sanz e a língua do Pê seriam oficiais. Bebidas coloridas, música, risos e bons momentos estariam liberados. Pessoas bombáááásticas também (e a Catuxa é VIP!!). Onde Ivete seria eterna musa (e ela e sua fiel escudeira TT serão eternas piriquetes). Sempre seria carnaval ou casamento. Por vezes festa de criança. Este mundo era mágico. E tudo ali estaria de acordo com o que sempre buscou. Felicidade plena e reciclável. Nunca frações, só inteiros. Assim, 'la petite princesse' foi viver num 'enchanté monde', onde todos são plenamente felizes para sempre. E isso que a história ainda nem chegou ao final....