terça-feira, 7 de outubro de 2008

Prazer, Gabi!

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Olha... eu já paguei promessa, já fui prometida e já fui o prêmio de uma promoção de rádio. Eu já briquei de ser locutora numa rádio uruguaia sem nem falar espanhol direito. Eu já me amei e me odiei, já fui a metade da laranja, já chupei metade de um limão e movo montanhas por um bom chocolate. Já sofri por amor, já fiz alguns alguéns sofrerem, mas no final a verdade é unica e sempre se revela assim: Eu amo muito tudo que me cativa, sem precauções ou reflexões acerca dos possíveis danos. E o resto? Infelizmente e egocentricamente... é resto.
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Eu já tive meu nome em alguém como homenagem, já conversei com as paredes e já brinquei de ser a Xuxa. Já quis ser filha da Xuxa, aeromoça, estilista, engenheira e baterista. Hoje sou filha do Roberto (o rei!) e uma incessante questionadora do que é o meio termo na vida. Eu já produzi desfile de moda e já li todo 'O Pequeno Príncipe' em francês, sem falar ao menos 'Bonjour'. Já passei trote por telefone, já esperei longas horas por alguma mensagem no telefone. Já compuseram uma música eletrônica pra mim (que foi roubada e nunca mais ouvi). Eu já odiei tomar banho de Sol (mas acabei me viciando). Já roubei beijo. Já fui roubada. Já confundi sentimentos e descobri que o melhor de tudo é que, quando é sentimento e é verdadeiro, nunca termina, apenas se transforma. Já trilhei trezentos caminhos diferentes, andei por estradas erradas e voltei a estaca zero (e ainda continuo andando pelo desconhecido). Eu já chorei ouvindo música, já quis mandar trezentas músicas a trezentas pessoas e nunca tive coragem de assim fazer. Vivo analisando letras de músicas, pois poesias cantadas sempre me encantaram. Já cantei bem alto pela rua, murmurei baixinho coisas que queria gritar aos quatro ventos, já esqueci o que ia dizer e este pequeno gesto mudou totalmente o rumo das coisas. Eu já quis esquecer algumas pessoas, mas descobri que essas são as mais difíceis de se esquecer, e aprendi que o tempo as leva, invariavelmente; e que para as coisas acontecerem na vida é só a gente realmente querer e pagar pra ver.
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Já tive casa na árvore, um lago onde tomava banho sem roupa, já caí mais de uma vez. Eu sempre caio... Já fiz juras eternas que se perderam no tempo, já escrevi pro presidente, pra concurso literário e escrevo seguido pra todos que passam pelo meu caminho. Eu vivo escrevendo. Já chorei sentada no chão do banheiro, já morri de rir e tive que ir correndo pro banheiro. Já fugi de casa pra sempre e descobri que fugir de quem somos é a pior decisão e não é remédio para qualquer possível mal, então acabei voltando no outro instante, para entender de que sou feita e onde pretendo, de fato, chegar.
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Eu já estive prestes a desabar, mas uma conversa banal me fez notar que há muito mais pra se considerar quando se trata de uma vida a ser bem vivida. Já fiz loucurinhas por um pseudo- amor (e não me arrependi depois). Já corri pra não deixar alguém chorando, já me senti sozinha no meio de mil pessoas por querer a impossível presença de uma só, alguém que certamente nunca soube ao certo a falta que fazia. Já bebi até cair, já fui na casa do Mickey, na Casa Branca... já morei em cada canto deste país, e mesmo com todos esses lugares conhecidos por mim ainda não encontrei o meu (apesar de viver na no mundo da Lua...).
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Já senti medo do escuro, de calorias, de gostar de alguém, da confiança extremada. Já aprendi com meus erros, mas acabei novamente errando. Já tremi de nervoso, já quase morri de amor e renasci novamente ao ver o sorriso de alguém especial. Eu já tive medo de mim. Muitas vezes, aliás. Já corri descalça na rua, já gritei de felicidade, já bati altos papos com completos estranhos que nunca mais vi. Já me apaixonei e achei que era para sempre, mas era um "para sempre" que acabou. Eu já chorei por ver amigos partindo, mas descobri que logo chegam novos, e a vida é mesmo um ir e vir sem razão. E que estes que partiram viverão pra sempre num lugar especial onde sempre caberá mais um. E é assim, brincando de passear pelo passado, que vejo que foram tantas coisas feitas, momentos registrados nas minhas lembranças, guardados num baú, chamado coração. E lá eu guardo, para abrir de vez em quando e lembrar que nada é por acaso, que nada é em vão.
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É quando me desarmo e penso que amanhã até poderá amanhecer nublado, mas tenho um Sol tamanho GG que não me deixa esquecer que ser feliz é um absurdo, como outro qualquer... Como tudo na vida, um absurdo extremamente insano que vale a pena... porque loucurinhas quando inesquecíveis são as melhores, por serem estas as que contaremos aos nossos netos.
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Isto tudo é pra dizer que eu não vim a este mundo à passeio, não sei o que significa arrependimento e muito menos impossibilidade.
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Boa noite, Porto Alegre.