sábado, 9 de fevereiro de 2008

Turbilhão

> Afinal, que porra é essa que não sai da minha cabeça e não me deixa em paz??
.
> Se querem saber, essa porra não significava nada pra mim. Afinal, é apenas uma palavra como muitas outras, que pasmem, não consta em vários dicionários. É algo que meninas educadas e delicadas não falam. Não as tipo eu, porque porra pra mim é como porta, e às vezes eu até combino as duas, sai uns 'porra de porta', quando a porta teima em me odiar. É como aula, 'essa porra que não acaba', ou mesmo como merda, 'essa porra de merda'! Merda também não tem grandes significados e escapa de vez em sempre, porque convenhamos não sou do tipo Católica, quisera eu ser Apostólica e e não sou nada Romana! Não tenho nenhum sentimento de repulsa nem ao ouvir e muito menos falar essas palavras que levam as mães a jurarem de morte seus filhos com overdose de pimentas.
.
> Mas mesmo assim, mesmo sendo uma mera e simples palavrinha que sai levianamente da minha boca, assim como 'amor' e 'terror', 'dia' e 'gosto'; eu não gosto de usar porra para retratar meus sentimentos, porque porra não substitui o que está aqui dentro berrando para sair por motivos constantes em lembranças que nem mesmo as novas mais bombásticas do final de semana mais esfervescente já vivido por mim conseguiria apagar. Porra também não me abraça e nem liga no meio da tarde de domingo onde o Faustão me entedia com seus convidados especiais que ele sequer sabe o nome. Porra não convida para tomar um cerveja no final da tarde, nem mesmo pra porra de um cineminha! Mas nem tudo é perfeito, e a porra se torna apenas mais um amontoado de letras que me atordoa enquanto lateja em minha mente nesses dias onde predominam os fones no ouvido no meio de um ônibus lotado rumo a formação de futuros cidadãos doutos de saber, onde nos é ensinado o quanto é feio dizer porra.
.
> Que porra também, sabe? Essa coisa que não some, que me invadiu o peito e os minutos deste vazio enorme parecerem dias de escuridão. Que mistura angústia e alívio. Continua existindo latente, insistentemente, me deixando tão sem chão, tão sem ar. Essa porra que tem endereço certo. Essa porra não me deixa seguir em frente. Essa porra de decisão que tomamos, de acertos e erros que, combinados, me deixaram assim, dicotômica.
.
> E eu só queria saber que porra é essa. Cá estou eu, então. Turbilhão.
.

.

(Texto feito à quatro mãos... agradecimento? Thaise Medeiros. Vulgo Tetê. O filhotinho dos Vianna. A bonequinha que veio pra eu brincar. A minha irmã.)
_________________________

Frases perdidas:

.
* E eu estou bem. Vou comprar uma bicileta, ganhei um monte de presentes carnavalescos e continuo a mesma. Na mesma. E tenho saudades sim, por mais absurdo e patético que isto pareça.

.

* Não é que eu não consiga viver sem, ou que não saiba a realidade, seja um tipo lunática ou esquizofrênica. Acho que o lance todo está em uma falta de amor-próprio que me toma a cada vez que encontro aquele sorriso e olhos que me dizem tanto, mesmo que incoscientemente, mesmo que não passe de um devaneio meu.
.
* É que o pior não é viver sem. O pior é viver aparentemente com, mas ainda assim sem. Algo tipo oásis de felicidade, algo tipo esperança que será a última a morrer, e me deixará aqui, sedenta por beijos insubstituíveis.
.

* Mas as saudades que hoje sinto já nem sei mais se são disto tudo ou deste nada. Na verdade elas me parecem saudades de um tempo onde esperança e espera andavam lado a lado, onde meu sorriso tinha motivos para existir.

.
* O tal sorriso, apático, segue existindo. E buscando novas razões para estamparem um rosto cansado de expectativas.
.
* Pois é, meu bem. Tu é a ilusão que eu escolhi viver. Tu é a ausência que eu escolhi querer. Tu é a abstinência mais doce e cruel que eu pude ter. Mas este é o ponto final que vou conseguir escrever.

.

* O ciclo é obvio e vai chegar a hora tão esperada. O final do turbilhão, seja ele quem for. Tempestade virando garoa fina. Novo dia. Céu limpo e claro. O recomeço.