sexta-feira, 29 de agosto de 2008

L.H.

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> Eu lembro quando eles disseram que nunca mais iriam cantar Anna Júlia. Saiu em alguma edição da Capricho, há muitos anos atrás, esta declaração. E aquilo ficou em mim. Na época eu não conseguia entender como a mesma Ana que foi cantada até por George Harrison podia ser desdenhada por seus mentores, em uma clara revolta destes com a bitolação dos ouvintes à apenas uma música de trabalho, diante de um universo de composições que estava ao seu redor. Ali ficava claro que eles queriam mais que o reconhecimento que a Ana poderia lhes dar. Eles tinham sede de tudo, e muito. E eu lembro disto como se fosse ontem.
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> O tempo passou e hoje eles cantaram na tevê, talvez pela última vez, Anna Júlia. O mundo anda, muda, e eles voltaram atrás. Talvez para presentear aquela multidão de fãs que abarrotaram o show, talvez pra, no final, voltar aonde tudo começou; ou porque realmente aquilo era apenas uma decisão evitando os milhares de pedidos pela tal musica que virou modinha em uma certa época. Não sei. Só sei que isto só demonstra ainda mais como as coisas são voláteis, que as pessoas tem o direito de tentar, de entrar e sair, fazer e voltar atrás; e isto talvez seja a maior prova que se está realmente vivendo algo maior que 'acordar-dormir'. E este direito de desdizer o que foi dito é essencial pra esta busca que fazemos por nós mesmos.
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> A liberdade de mudar foi a lição mais bonita que tirei deste DVD tardio dos Los Hermanos. Sim, eu sei que muitos anos se passaram desde a tal declaração, que eles já estavam tocando Anna Júlia em alguns shows, que polêmica mais velha que esta impossível. Mas eu lembrei, fazer o quê, e me emocionei com a liberdade que temos, de poder fazer o que quisermos com as nossas vidas. E renasceu uma certeza de que, um dia, as coisas serão diferentes, melhores. E isto só depende de mim. Porque a vida é dinâmica, e sem maiores explicações podemos mudar tudo que somos e voltarmos a sermos quem fomos, sem ter que necessariamente justificar isto à alguém, apenas porque é melhor pra nós mesmos. Não é poético e insaciável esta pretensão de melhorar a todo custo, de buscar sempre o melhor pras nossas vidas????
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> É. A vida é interessante demais e são inúmeras as opções pra fincarmos pé em uma simples decisão.
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> Quanto ao resto... Foi estupendo. Extraordinário. Com direito à catarse coletiva.
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PS: Quem quiser saber mais sobre o porquê do não tocar Anna Julia por um tempo: http://www.youtube.com/watch?v=HwruNBViN7o&feature=related

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Percepções

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Não importa.
A paixão quando chega nunca pergunta se é bem-vinda.
A vontade de ser, amar e pertencer é tão grande que logo esquecemos que por elas certamente já quase morremos algum dia.
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Quero continuar a morrer e renascer; até que um novo, verdadeiro e maior amor nos separe.
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Malas sendo desfeitas. E cheias de precoces saudades (a serem perdidas em um canto qualquer desta enorme cidade...).
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Uns beeijos!

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Sobre as lágrimas derramadas

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Chorar por tudo que se perdeu, por tudo que apenas ameaçou e não chegou a ser, pelo que perdi de mim, pelo ontem morto, pelo hoje sujo, pelo amanhã que não existe, pelo muito que amei e não me amaram, pelo que tentei ser correto e não foram comigo.
Meu coração sangra com uma dor que não consigo comunicar a ninguém, recuso todos os toques e ignoro todas tentativas de aproximação. Tenho vergonha de gritar que esta dor é só minha, de pedir que me deixem em paz e só com ela, como um cão com seu osso. A única magia que existe é estarmos vivos e não entendermos nada disso. A única magia que existe é a nossa incompreensão.
(Caio Fernando Abreu)
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Quando bateste a porta elas já nem escorriam mais. E eu chorei a seco por tudo. Um choro estrangulado, proibido, frustrado; mas eu chorei. Chorei por ser uma divertida companhia numa cidade que pode ser tão maravilhosa quanto tediosa; por te dar o meu coração e não ter o que receber; por saber o quão é grande o meu querer e nunca ter aprendido a sofrer. Chorei por todos os parênteses que nos permitimos dar, por todas as lacunas que não conseguimos completar, por todos os teus "nãos", "poréns" e pelo "quase lá". Sim, chorei pelo que se perdeu e se ganhou em um pouco de nós, pelo que chegou de Gabriela e pelo que hoje embarca dela.
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Nem porteiro, nem guardas. Ninguém notou que eu chorava. Convulsivamente chorava. Não houve testemunha do meu quase-afogamento na secura, mas lá estava. E eu queria, pedia por algumas gotas de lágrimas. Daquelas que aliviam e lavam a alma. Porque lágrimas são solventes, dissolvem mágoas. São coadjuvantes no processo de abrandar a dor, a falta, a vontade, o desespero da chegada do final e do início imprevisível. E lágrimas rolam soltas pela face, os olhos incham, há vermelhidão, alívio, há vontade de recomeço, de mudar tudo que já conheço. E eu apenas pedia por um pouco de lágrimas.
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Mas no meu choro seco não houve nenhuma gota derramada. Tratei a amargura como um velho tabu a ser desmistificado. Papo que requer cuidado redobrado, mas deve ser tratado. Sequei a minha tristeza à sombra de mim mesma, sentei com minha lama pesada e me pedi perdão. Retirei todas as falsas verdades e carreguei de realidade o meu iludido coração. Mostrei a ele que nada adianta fugir do que somos, assim como não adianta se conformar com o estado de penúria e seguir a pedir esmola, pedindo quase nada, o suficiente para sobreviver, e achando que já basta. E nunca deixará de ser uma pobre perspectiva que pede um pouco pra receber o quinhão que sabe pedir, pois assim está condicionado a seguir.
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É. Ontem chorei por tudo isto e mais um pouco. Invadi a noite, era madrugada e eu sem conter o choro. Ninguém notou. Nem o sofá- cama, já cansado do meu corpo– cúmplice dos meus pensamentos, meu melhor amigo, ouvinte de todos os meus tormentos, se compadeceu com meu choro. Permaneceu ali, indiferente ao choro que só eu sei que foi realmente chorado.
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Já era hoje e eu chorava.
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Ainda choro.
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Então...
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* É chegada a hora.
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* Adiós, Cidade Maravilhosa.
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* Boa noite, Porto Alegre.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Ouvindo: Condicional

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{Eu sei, é um doce te amar, o amargo é querer-te pra mim...Do que eu preciso é lembrar, me ver, antes de te ter e de ser teu... O que eu queria, o que eu fazia, o que mais??? Que alguma coisa a gente tem que amar... mas o quê??? Não sei mais!}
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> Coloco um copo d'água ao lado do computador, olho na tela em branco as páginas e páginas a serem escritas no singular, mas, mesmo sabendo que agora não teria um pingo de sanidade o plural, inconscientemente me tranposto pro teu lado para escrever sobre nós, e penso no que será que estará sonhando no teu sono atrasado, e acabo também fechando meus olhos para me tornar um pouco de ti depois da minha noite um tanto quanto perdida (sem a tua presença), pra tentar escrever algo que mate um pouco esta louca abstinência do teu abraço.
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> Olhos fechados. Está tudo escuro. Então, sossegue, Gabriela. Porque, na verdade, o amor é bem isto aí o que tu estás vendo. Uma escuridão cheia de brilhinhos que mostram tudo sem mostrar coisa alguma. Ora horrendo, ora estupendo. Ora provocante, ora assustador. Ora asfixiante, ora arrebatador.
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> Boa noite, Piraquara.
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O pior...
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... é que só eu e o porteiro do teu prédio acreditamos que um dia ainda ficaremos juntos.
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... é que até a cabelereira que nem te conhece disse pra eu te esquecer.
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... mas o pior mesmo é ouvir de ti o que todo mundo me diz.
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> Bate aqui em casa, pede pra eu não ir, me beija loucamente e me leva pra ficar contigo pra sempre, até que a vida adulta nos separe...
(Desculpe, era só uma utopia ociosa me fazendo companhia....)

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

The losing game

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{ Eu sei, jogos de amor são pra se jogar.. Ah por favor não vem me explicar o que eu já sei, e o que eu não sei... O nosso jogo não tem regras nem juiz... Você não sabe quantos planos eu já fiz... Tudo que eu tinha pra perder eu já perdi... O seu exército invadindo o meu país..
Se você lembrar, se quiser jogar.... Me liga, me liga...
Mas sei, que não se pode terminar assim... O jogo segue e nunca chega ao fim e recomeça a cada instante a cada instante... Eu não te peço muita coisa só uma chance... Pus no meu quarto, seu retrato na estante... Quem sabe um dia eu vou te ter ao meu alcance.... Ai como ia ser bom se você deixasse...}
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> Sinceramente??
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> Existe um alguém que quer falar tudo que acha que sente, mesmo que cercado de incertezas, como de costume. Quer gritar a tua importância aos quatro ventos, te conquistar a qualquer preço. Ignora todas as impossibilidades, sejam vindas de tua boca ou provocadas por terceiros. Ele segue (invariavelmente) te querendo, te buscando e te esperando. E ele faria qualquer coisa pra te ter ao seu lado. É. Esse alguém te quer tanto que chega a lhe faltar o ar.
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> Neste mundo, existe um alguém que também duvida. Duvida que exista alguma chance de um dia ser o motivo do quê tu sentes e, justamente por isso, não diz o que sente. Ele não diz, e te faz achar que ele não sente nada por ti quando, na verdade, tudo sente. Talvez assim o faça por ter um grande medo de ouvir teus 'nãos', sentir o frio da tua ausência e o coração apertado pela tua inexistência. Prefere, assim, fingir; passar reto pelo que já aconteceu, se conformar com qualquer coisa que virá. Contudo esse alguém nunca esquece que é por ti que ignora o que se passa ali, dentro dele.
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> Existe, ainda, um alguém que arde. Alguém que acredita ser todo este sentimento frustrado e inexistoso, e por isto espera a cada esquina por algo melhor, algo que nunca aparece e que o faz permanecer nesta incessante busca. Esse alguém sabe das tuas reais (faltas de) intenções, e não pretende se prender ao teu sorriso arrebatador, mesmo que muitas vezes sua busca se fundamente num devaneio. Esse alguém sabe que, no fundo, não consegue deixar é de tentar te encontrar pelas esquinas da cidade.
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> E há um alguém que espera. Espera pela oportunidade, a porta semiaberta, o entremeio, ou um feixe de luz que ilumine o caminho mais certeiro até o teu coração. Ele fica na espreita, esperando a hora de poder agir. Este alguém está parado diante de ti, e quer que tu diga exatamente a deixa, a senha para que possa se despir das armaduras tão manjadas que carrega e te entregar seu frágil coração. Esse alguém te gosta muito. E não sabe mais ao certo se conseguirá viver longe de ti.
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> E quem sou eu?
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> Alguém.
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> Escolha o teu predileto. Ou que vença o melhor.
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Rodapé:
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* E tu?
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* Tu é a espera que eu escolhi viver. Tu é a lembrança que eu escolhi querer. Tu é a presença mais doce e a abstinência mais cruel que eu poderia conhecer.
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* Ah, e tenho saudades sim. Até quando tenho por perto. Até do que eu não vivi. Isto explica muita coisa, sabe?
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*As responsabilidades e os deveres, muitas vezes, são os meus maiores aliados.
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* Uns beijos.