sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

O enturvamento de uma ilusão

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{ E o medo, o peso, o pesadelo, o segredo e o sossego que o desejo por um beijo pôs pra fora....}
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...Maldita mania de ficar olhando pra porta do bar, esperando alguém que não vai chegar...
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Pois é. As lacunas do Nada ainda me matarão.
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Traduzindo: Sinto saudades, sabe?
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É como se o Nada fosse a droga mais poderosa que eu já provei, e que, por vezes, eu passasse por um período de abstinência de algo que nunca foi bem meu, por assim dizer.
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Vou ver quanto tempo dura esta abstinência deste fantasma que eu um dia criei. E que ainda existe. Vamos ver quanto tempo eu consigo viver confortavelmente sem, por mais perturbante que as vezes possa parecer.
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Provavelmente até ver de novo. Que assim seja.
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...E a porta do bar segue desviando minha atenção e alimentando a minha ilusão....
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Alguém me salva de mim????
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Rodapé!
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* 'Pra quê ter tudo se o que te completa sou eu?????'
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* 'Só queria que você soubesse que tudo aquilo que aprendeu comigo não vai ser fácil de encontrar nos livros e em outros corpos sem direção...E não vai achar em nenhum lugar encaixe tão complexo assim...Quando a noite passar e tudo acabar, eu estarei aqui....'
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* Ah, má vá uns beijos pra quem merece. Ou não.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

The King

> Algumas vezes me sinto como uma desajeitada construtora. De castelos. Mesmo com todas as dificuldades, estou a todo momento os erguendo. Por vezes coloco tudo ao chão. Em outras decido erguer vários ao mesmo tempo e acabo me atrapalhando. Outras junto meras aglomerações de entulhos com nenhuma pretensão arquitetônica, chegando a inesperadas obras de arte. Há vezes em que construo torres altíssimas e esqueço de pôr janelas. Ergo quartos sem porta, túneis sem saída. Mas construo. Tudo porque penso que, um dia, poderei ter palacetes como os que sempre sonhei.
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> Sei que a realização está no empilhar de tijolos, e não em ver o castelo pronto. Está nas escolhas, nos erros e nos acertos. E, essencialmente, nas mãos que te ajudam a construir. Como eu cheguei a esta conclusão? Durante toda a jornada, com uma pessoa que me ensinou os fundamentos de quase tudo que hoje sei. A pessoa que me ensinou que o alicerce de tudo que for construído é o mais importante da obra. Ainda, foi quem me mostrou na prática o que é amor incondicional, sonhar, realizar, ser alguém que faz a diferença no mundo e o valor de um ser humano de caráter. Aprendi com ele que pessoas têm corações para colocarem o mundo ali dentro, não importando se depois irá perceber que nem todo mundo merece passe- livre pra invadir nosso peito. Com ele, soube o que é ser filha, mãe, amiga e ser humano. Dele ouvi alguns conselhos inesquecíveis e outros ruins; segui alguns exemplos e com outros apenas aprendi. Porque ele é humano, e também está construindo, incessantemente, os seus castelos.
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> E eu sou apenas um dos muitos castelos construídos por esse cara. Sou um empilhamento de desajeitados tijolos que, vezes por milagre e outras pela força dele ainda não viraram ruínas, mesmo diante de todas as tempestades que passamos. Isto porque ele é mestre em construir. Um vencedor, que aprendeu na dor a ser feliz. Que teve a humildade de chorar no meu colo, dividir fardos que carregava, mostrando-se humano, e me fez perceber que, mesmo desprovido de super-poderes, ele nunca deixará de ser o meu herói.
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> O mais incrível, contudo, é ver que mesmo não seguindo sempre o seu exemplo ou escutando suas sábias palavras que profetizam, seja por pura rebeldia ou pra tentar uma arquitetura diferente, ele nunca desistiu de acreditar em mim. Quando o vento consegue derrubar algum dos meus pilares, me alegra ver a mão dele estendida pra me ajudar a retomar. É que, não satisfeito com as dificuldades de arquitetar as suas próprias obras, ele ajuda todos a sua volta a construírem também. E mesmo quando vê colocarmos abaixo tudo em que fizemos até agora com a sua ajuda, onde muitas vezes está enterrada a última gota de seu suor, ele nunca questiona. Dá a mão, empresta os ouvidos, usa toda a sua força de vida pra nos ver felizes. E segue vida afora, se dividindo em mil, pra fazer do seu castelo um lugar onde caiba muito mais do que nos meus 20 e poucos anos posso pensar em colocar no meu. Um visionário, eu diria. Um sonhador
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> Observando o já construído vejo que muito diz da importância dele na minha vida. É ali nos remendos, rebocos, estacas e escoras que percebo que não teria chegado tão longe se não fosse por ele. Em cada milímetro de cimento e argamassa. Guardo comigo todas as realizações e frustraçõers, pois são as minhas cicatrizes que nunca poderei apagar. Carrego pra nunca esquecer que são as dádivas da vida, ensinando a sermos mais, melhores. Mostrando que é possível sim erguermos o mais belo palacete que já ouvimos falar, mesmo com remendos, por mais impossível que pareça ser. São coisas que aprendi com o mestre-de-obras mais incrível que já conheci.
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> E sempre saio pela rua para erguer novas paredes. Ajudar outros a construírem. Saio mas volto, pois sei que sempre terei ao meu lado, independente do que mudar durante a minha aventura mundana, um cara que nunca encontrarei por aí. Um amigo. Um ombro. Um herói. Um arquiteto de sonhos. Um mestre-de-obras. Um engenheiro de realizações. Um homem com princípios e um caráter invejável. Um palhaço, que deixa a gente pintar e bordar com ele. O homem mais importante da minha vida. O meu pai.
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> Acordei hoje pensado como poderia dizer a tua importância na minha vida. É que hoje é dia de festa. São os teus castelos que estão ficando mais velhos, pai. Não tenho medo de dizer que sou igualzinha a ti, inclusive nos detalhes, nas paredes que caem a todo minuto, nos alicerces bambos e na tinta que já não tem mais o brilho de outrora, bem como nos cômodos mais bem decorados que ousamos fazer. Fico feliz em ver o quão forte tu és, pra comportar tantos hóspedes no teu coração.
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> O tempo tem passado e cada vez tenho conseguido perceber o quão único tu és. E é graças a este mesmo tempo, onde eu e tu amadurecemos, que tenho aberto cada vez mais portas e janelas. Tenho saído mais pra construir, sozinha, novos castelos e aprimorar o que já tenho. Mas podes ter certeza: a distância entre as nossas moradas têm sido cada vez menor. Porque, com todas as paredes que foram ao chão e tu me ajudaste a repor, eu construí uma ponte. E essa ponte feita de admiração pelo homem e de amor pelo pai liga a minha vida a tua, pra todo o sempre, independente do que possa um dia acontecer.
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>Eu não te escolhi. Mas se pudesse, podes ter certeza que seria a ti que iria escolher.
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> Feliz aniversário, pai. É muito bom poder dizer por aí que tu és o meu pai.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

O poder do tempo

{Mais uma vez encontro em mim o cheiro que há em teus lençóis...Ilusão pois sei que não existe algo entre nós.. Eu não sei se teus ouvidos estão prontos pra me ouvir...Pois não te vejo mais, não sei mais como você é.... Quis dizer pra você que nada vai fazer voltar o tempo que eu perdi tentando te falar que eu não consigo respirar...}
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> Na verdade eu sempre soube que o ontem nunca será como o amanhã. No ontem que tanto gostava eu não era feliz, não totalmente. Momentos de felicidade eram alternados com os momentos de espera. Achava ótimo, pois realmente gostava de não ser feliz sempre. Gostava da possibilidade e do encontro breve com aquilo que eu chamava de 'felicidade reciclável'. Eu gostava de, por algumas horas, ficar ali, parada, somente ouvindo a tua respiração atenta e sem maiores intenções. Me fazia bem aquele momento e saber que mais cedo ou mais tarde ele voltaria a acontecer, mesmo que nos acasos da vida.
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> E eu queria ter dito um tanto de coisas. Algumas bobagens, outras nem tanto. Queria ter te segurado bem forte e dito que nunca mais te deixaria sair dali. Eu queria não ter medo dos teus 'nãos'. Juntava coragem, mas na tua presença tudo perdia um pouco de seu sentido. Faltavam palavras certeiras. Faltava o ar. Faltava cara-de-pau. E foi assim que o tempo passou.
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> Agora isto tudo faz parte de um passado que não voltará. Não tão cedo. E neste presente em que nos encontramos, novos coadjuvantes surgiram na minha história. Provavelmente na tua também.
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> Eu só consigo pensar que ninguém poderá me fazer sentir novamente aquela expectativa gostosa de esperar por um novo entardecer. Ali, olhando para as poucas palavras que deixaste, bobagens escritas num pedaço rasgado de um papel qualquer, vejo era aquilo que precisava naquele momento. E tu me deste.
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> Mesmo diante de tantas coisas que gostaria que tivessem acontecido e/ou esquecido, devo dizer que nem por um segundo sequer me arrependo de ter cruzado meu caminho com o teu, pelo simples fato de saber que é bem assim o alguém que espero encontrar por aí.
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> Quando isto acontecer, estarei diante de olhos vidrados que não conseguirão deixar de serem levados pelos meus, e terei a certeza de que encontrei o alguém certo. O alguém que chamarei de 'meu'. Um alguém como tu. Que é como tantos por aí. Que é como ninguém que até hoje encontrei.
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> Contudo, agora me resta buscar gostar de ti como mais te convém, para que isto nunca pese sobre teus ombros como um dia ousou pesar para mim. E por isto amanhã estarei mais distante do que ontem. Até que chegue a hora do fim.
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Primeiríssimo rodapé de 2008:
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> Queridos, voltei!
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> Não tão empolgada com a volta para a quente Porto Alegre e ainda com alguns resquícios tristes e outros felizes deixados pelas minis férias que tive, encontro-me essencialmente empolgada com algumas decisões que tomei. Tipo metas para 2008, e nelas estão inclusas sacrifícios e alegrias. Veremos.
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> E a primeira semana de 2008 me deixou primeiramente triste. Depois confusa. Entediada. Saudosa. Me divertiu. Mostrou que sou uma otária. O que eu tenho que mudar radicalmente. Fazer. Me trouxe esperanças. Mostrou que não vale a pena chorar por qualquer bobagem. Mas eu tava de TPM, então dane-se tudo. Me emebedou, trouxe pessoas que valem a pena dividir meus dias, risadas e papos furados. E me deixou preta também. Espero que tenham gostado tanto quanto eu.
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> Se continuar assim, não restará Gabriela para 2009.