domingo, 30 de setembro de 2007

Conversas de botequim

Ontem encontrei meu primeiro namoradinho. Aquele de infância, quando tu acha que namorar é andar de mãos dadas e dar beijinhos no rosto. Somos amigos de barriga de mãe, sabe? Fazia tempo que não nos víamos. Conversamos tanto sobre tudo, inclusive sobre as coisas do coração. Minhas conversas com meus amigos sempre acabam no coração. Falávamos sobre as nossas ilusões e desilusões no amor até que ele disse que agora, finalmente, depois de tanto chorar por amores perdidos, ele parou de querer ouvir sininhos baterem.
Sabe o barulho dos sinos que se escuta quando encontra a metade da laranja? Era deste que falávamos. E é estranhamente esperado tal barulhinho. Às vezes, pode ser por um alguém com quem tu convive há tempos, até que, um dia, tu olha pra pessoa e escuta o barulhinho. E tudo vira amor. Ou por quem tu nunca vu na vida, sequer trocou uma palavra. E também, ali, tudo vira uma celebração sem fim de um sentimento que nasce despropositadamente. Vêm a vontade de beijar, de dimensionar a saudade, de dizer que ama e de fazer tudo aquilo que só quando amamos somos capazes.
Isto me lembra de outro papo que tive com minhas amigas, onde falávamos sobre ouvir o primeiro 'eu te amo' e como é bom ser amado na mesma intensidade. A magia da reciprocidade. A sorte que poucas pessoas têm de viver um grande amor, ou pelo menos de poder dizer que um dia amou e foi amado, o que não implica necessariamente em escutar os sinos baterem. Sabe o pior: chegamos a conclusão que é tudo uma questão de sorte!
Voltando ao assunto inicial...antes de nos despedirmos, meu amigo chegou a conclusão que o melhor é não criar expectativas nos sininhos. Concordo. Na verdade, acredito muito que o que tiver que ser será, apesar de querer tudo pra agora. E que algumas pessoas têm muita sorte, outras não, e isso é mesmo um fato. Mas, eu acrescentei que não custa dar uma forcinha pra sorte, afinal de contas, como ganhar na loteria sem apostar? Não é difícil, é impossível.
Assim me surpreendo com novas idéias. Pelo mundo, acabo conhecendo gente que prefere não apostar e fica esperando cair do céu, porque já sofreu muito e não quer se quebrar mais. Mas também conheço pessoas que não param de se jogar de cabeça e se de apaixonar, desapaixonar, chorar, sofrer e viver (qualquer semelhança é mera coincidência...). Alguns já se encontraram, outros não. E é por isso que digo que devemos estar sempre apostando nas oportunidades que aparecem, mesmo que depois tu descubra que não valeu tanto a pena. Pois só apostando na tua sorte é que um dia tu pode se surpreender com um blém-blém.