segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Carta pra um sentimento pirateado

"Essa não é mais uma carta de amor
São pensamentos soltos traduzidos em palavras
Pra que você possa entender
O que eu também não entendo..."
(Fernanda Mello e Rogério Flausino)


"Existem cartas para serem enviadas.
Existem cartas para serem escritas. E emboladas.
(Esta é para ser embolada). "


Hoje foi um dia daqueles que dá vontade de dizer 'para mundo que eu quero ver Sessão da Tarde e comer pipoca enrolada no cobertor'... Acordei contrariando minha vontade de continuar dormindo, saí no horário que deveria estar chegando no trabalho e rezando pra que não tivesse nada pra fazer. Som lotado de brasilidade, me protegi da acidez que surge quando estou assim, um tanto sem sal: fugi das portas que me levam ao mundo, fugi do conforto de um escritório ensolarado e quentinho; deixei a Bebel cantar sobre felicidade e tristeza e o vento destruir a chapinha que fiz correndo pra estar com ares de futura doutora. Pelo caminho, tentei abstrair. Enquanto Lenine falava de amenidades, meu instinto não desistiu de te procurar. Senti apenas um coração batendo pesado toda vez que meu pensamento me levou a ti. Amargando a tua indiferença declarada. A desilusão de não escutar a tua voz e tuas frases coloridas que me envaideciam, de não ver o teu sorriso, de não saber o que será de mim abandonada a qualquer sorte. Ando por caminhos que nunca cruzará e imagino onde estará distribuindo teu dom de encantar. Sozinha ou acompanhada, fico sonhando acordada com a tua presença na minha vida. E me torturo pensando quem será a pessoa que você pensa quando acorda, no trânsito ou quando quer felicidade plena. Então, por tantas interrogações vazias que guardo, prefiro inexistir. Hoje foi- se toda a vontade de ser. Saber que não existirão poesias sobre o peso do teu corpo sobre o meu, palavras pra dizer como é bom sentir teu gosto, textos e textos pra tentar descrever como é bom olhar profundamente em teus olhos e poder dizer que sou tua, neste e em qualquer mundinho encantado que tu me propusesse viver... te ver ignorar que eu estou bem aqui levou a inspiração... Só me resta, então, esperar a noite cair e o sono me consumir, pra que sejam tão pesados meus olhos a ponto de não me lembrar se sonhei contigo. E peço que chegue rápido amanhã. Para que, como qualquer outro dia, acorde na hora de sair, sem vontade de ir, continue esperando a hora que te esquecerei de vez. Sem te ter aqui, o amanhã será apenas mais um dia comum e nada que eu faça ou deixe de fazer terá tanta importância quanto esperar por ti, por um pequeno sinal de interesse teu. Em dias assim, que me olho de fora e me sinto pequeninha, me sinto sozinha no meio de uma multidão porque minha pele só se contenta quando encontra tua, e faz disto uma busca incessante a todo instante e em todos lugares.

(Existe cura pra essa mania de te querer tanto assim?)

(Pra aqueles que acham que eu me entrego a ilusões fáceis: Não se trata disto e sim de uma vaidade ferida por um querer não correspondido de uma princesinha mal acostumada e de TPM...)